O mundo dos milhões: a relação entre seguidores e o dinheiro

Com o fim do BBB, participantes inflamam suas redes sociais e sonho do milhão continua vivo

A edição 22 do Big Brother Brasil terminou no dia 26 de abril, e muito mais que o prêmio de R$ 1,5 milhão para o vencedor Arthur Aguiar e tantos outros brindes distribuídos ao longo do programa, muitos dos participantes estão fazendo e ainda farão fortuna com outro tipo de ativo, que são os seguidores nas redes sociais.

“Camarotes” ou “pipocas”, todos os participantes do BBB22 elevaram seus números no Instagram. O “brother” Luciano Estevan, por exemplo, primeiro eliminado da edição, entrou na casa com 14,5 mil seguidores e atualmente acumula 1 milhão de pessoas acompanhando seu perfil. Nomes já famosos, como o ator Douglas Silva, conhecido nacionalmente pelos premiados longas “Cidade de Deus” e “Cidade dos Homens”, pulou de 356,8 mil para 3,1 milhões de seguidores até o momento.

Pedro Scooby é outro com uma carreira de sucesso em sua especialidade – o surfe – que saltou de 1,9 milhões para 5,9 milhões de pessoas, até as últimas atualizações. Os números mostram que estar na “casa mais vigiada do Brasil” pode ser muito vantajoso mesmo para os que não conseguem conquistar nenhuma premiação. Mas como transformar números nas redes sociais em dinheiro? Basta apenas ter índices relevantes para lucrar com o engajamento?

Não é bem assim. O analista de conteúdo da agência de publicidade Alpes Mídia, Nathan de Paula, explica que as duas formas mais comuns para monetizar as redes sociais é fazer parcerias de publicidade com marcas ou criar um conteúdo próprio para ser vendido, como um curso, por exemplo, mas que tudo isso precisa ser feito com estratégia.

“Quando um influencer é cotado para trabalhar com uma marca, há vários fatores que são considerados: número de seguidores, alcance, engajamento, consistência nas redes sociais e até mesmo a sentimentalização dos comentários no perfil do influencer”, explica Nathan.

“Existem algumas ferramentas no mercado que ajudam as marcas a encontrar e analisar os perfis dos influencers, como a Hypeauditor e a Influency.me. E também existem empresas especializadas em conectar marcas e influencers, como a Squid e a Spark, que dominam o mercado brasileiro no segmento de mercado de influência”, diz Nathan, analisando a forma como tantos ex-BBBs conseguem faturar tanto ao saírem do programa.

Ele citou cases de sucesso, como Gil do Vigor, que após a sua participação na edição 2021, soube aproveitar a popularidade para fechar parcerias de sucesso. “Gil, em quarto lugar, fechou parceria com mais marcas do que a campeã Juliette. logicamente, isso não significa que ele havia faturado mais”, pondera Nathan.

O analista, porém, alerta que o trabalho para lucrar com o engajamento precisa ser rápido, já que o interesse do público pelos participantes costuma diminuir com o passar do tempo após o fim do programa.

“A fama passa e se os participantes quiserem continuar em alta e se manterem relevantes na mídia, eles precisam evoluir o conteúdo, trazer para a rotina deles e identificar novas formas de engajar a audiência. Não há um tempo exato, cada perfil interage de forma diferente com a audiência e conta uma história única. é isso que vai dizer o tempo que eles vão estar no ‘hype’”, explica Nathan.

E para os anônimos, quais estratégias para seguir uma carreira de influencer?

Em um levantamento realizado entre dezembro do ano passado e janeiro de 2022 feito pela Inflr, adtech especializada em marketing de influência, 75% dos jovens entrevistados disseram que ser uma voz relevante e inspirar pessoas é o que os motiva a dar os primeiros passos na rotina de postagem nas redes, seguido pelo interesse financeiro, com 65% dos jovens considerando esta opção.

Nathan apontou os principais equívocos que estes jovens influenciadores podem cometer: “primeiramente, não comprem seguidores. Esse é um dos piores erros que você pode cometer nas redes sociais. Segundo, encontre o seu nicho, a sua audiência. Você quer ser influencer, mas o que você quer entregar? Influencer o que? Sobre o que você fala? Com quem você se conecta? Pense nessas perguntas e seja estratégico e criativo com o conteúdo que você vai produzir. Quem fala como todo mundo, no fim não fala com ninguém”.