Chatbots na educação: startup usa a tecnologia para criar trilhas de aprendizagem

Startup Barkus desenvolveu um bot humanizado que ensina finanças através da troca de mensagens pelo WhatsApp

Bia Santos, CEO da Barkus

Se você já teve interação com alguma marca por meio de aplicativos de mensagens, sites e outras plataformas digitais, com certeza já deve ter conversado com um chatbot, uma ferramenta de Inteligência Artificial, que, normalmente, é utilizada pelas empresa para manter uma conversar com seu cliente em tempo real, com linguagem natural, solucionando questões simples do dia a dia, como por exemplo, solicitar a segunda via de um boleto bancário.

 

O Brasil é um dos países que mais utiliza robôs de conversação em todo o mundo. No último ano, o total de bots já desenvolvidos no país aumentou 47%, passando de 216 mil para 317 mil. 

 

Parte dessa expansão do mercado de chatbots se deve ao isolamento social causado pela pandemia da Covid19, que aumentou a demanda por atendimento automatizado. Mas se engana quem pensa que os bots se restringem ao atendimento ao cliente, vendas ou cobranças. Outros setores já entenderam a potência do uso dos bots também como ferramenta de interação, aprendizagem e engajamento com o usuário, como é o caso do setor da educação.

 

Antes da pandemia começar, a tecnologia já vinha impactando os modelos de aprendizagem. A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017 para o ensino infantil e fundamental, incluiu a utilização da tecnologia entre as dez competências essenciais para o aprendizado da Educação Básica. A quinta competência da BNCC foca no uso específico das tecnologias na aprendizagem com senso crítico para “se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”, explica Bia Santos, CEO da Barkus.

 

A Barkus, edtech social que tem o objetivo democratizar o acesso à educação financeira para jovens e adultos, foi uma das empresas que se adaptou a essa nova realidade, desenvolvendo a Iara: um bot humanizado que ensina finanças pessoais por meio de trilhas de aprendizagem individuais e personalizadas ministradas pelo WhatsApp.

 

A ideia é que a pessoa faça um curso de finanças pelo celular. “Escolhemos utilizar o WhatsApp porque ele está na mão de 96% da população brasileira. Conseguimos chegar até um público, que normalmente, as grandes instituições financeiras têm dificuldade de alcançar, são pessoas que têm baixo letramento digital e dificuldade de conexão com a internet”, diz a empresária.

 

As trilhas de educação financeira distribuídas pelo WhatsApp, são ancoradas no conceito de microlearning, que é um método de aprendizagem baseado em treinamentos curtos e de formato interativo. Na prática a solução consiste em sintetizar e fragmentar os assuntos em pequenos textos, vídeos, infográficos e quizzes, para que possam ser consumidos e assi­milados de forma rápida. Isso aumenta a taxa de conclusão do curso e a retenção de conhecimento que, no final, é o principal objetivo de qualquer treinamento.

 

Prova disso, Bia Santos explica que no mercado de soluções digitais, a taxa de conclusão em cursos educacionais é de cerca de 15%, e na Barkus, que utiliza o Whatsapp como ferramenta principal, a taxa média é de 50%.

 

Isso porque, de acordo com um levantamento do Opinion Box em parceria com o Mobile Time, o WhatsApp é o aplicativo mais acessado pelos brasileiros. Além disso, com a ferramenta, os usuários podem acessar os cursos de onde quiserem, quando quiserem, além de ser possível acessar mesmo sem uma boa conexão de internet, pois em alguns casos, as operadoras não descontam o uso do aplicativo dos dados móveis.