Transexual brasileira que posou para a Playboy relata discriminação: “fui mal tratada e nunca pude ter se quer um exemplar da revista”

 

A modelo Sâmella Vintter, foi capa da edição de março 2020 da Revista Playboy Portugal.
A brasileira que até então vivia na Europa, relata que sofreu preconceito por parte da equipe da revista masculina. Segundo ela, ninguém oficial da Playboy compareceu para dirigir suas fotos. “Apenas o fotógrafo era contratado pela revista, as outras pessoas eu paguei com o meu dinheiro para que o trabalho acontecesse. Até o making of saiu do meu bolso”, relatou Sâmella Vintter, que afirmou ter pago pelo serviço extra cerca de 300 euros, fora sua hospedagem e alimentação em Milão, local onde foram feitas as fotos.
“Todas as mulheres que fazem a capa, ganham roupão, orelhinhas de coelhinhas, eu não ganhei nem bom dia. Como eu paguei para acontecer o makig of, eu com o meu dinheiro, mandei fazer camisetas da Playboy para que a produção usasse e o trabalho saísse adequado para o vídeo. Me senti hostilizada pelos responsáveis da Playboy Portugal. Fico pensando se é porquê sou uma mulher Trans? Então por qual motivo fui convidada? Na ocasião, o convite partiu por parte da Revista Playboy Portugal por conta da minha beleza e pelo fato de eu já ter feito a minha cirurgia de mudança de sexo”, declara a modelo.
Sâmella ainda conta que seu maior sonho era ser capa da Playboy e por isso topou posar para a revista. “Na época eu estava muito feliz, não queria que nada desse errado, então eles foram me deixando de lado e ao invés de bater o pé, eu fui fazendo por minha conta as coisas, com medo da minha capa ser cancelada, pois fui ameaçada de cancelamento por um produtor, que caso eu não estivesse contente que eu sinalizasse e como sou mulher Trans existia uma certa dúvida entre publicar o meu material ou não. Na época fiquei chocada! Tanto que eu era para sair em dezembro de 2019 e fui ser publicada apenas em março de 2020”, conta Sâmella.

 

Festa de lançamento e exemplares vendidos: 

 

 
Sobre sua revista ter sido lançada no ápice da pandemia da Covid-19 em março de 2020, a modelo garante que entende sobre a não produção do evento de lançamento da sua capa, mas segundo ela, o que a deixou espantada é que até agora, seis meses depois, nenhum exemplar de sua revista chegou em sua residência. “Eu não tenho nenhuma revista para mim, nada, zero, muito menos sei quantos exemplares foram vendidos. Quando fui pedir para receber a revista, eles me ofereceram para comprar. Achei um absurdo! Sabe quando você vê a discriminação nas entrelinhas das coisas? Foi assim que tudo aconteceu”, desabafa Sâmella Vintter que resolveu contar sobre isso para que outras mulheres Trans não passem por isso no futuro.
Foto: Divulgação / Instagram.