O paraquedista Vagner Jorge é referência no esporte no Brasil, seja por suas experiências malucas em saltos de antenas, prédios e pedras, e também por vivenciar de tudo na profissão, inclusive um acidente que quase custou sua vida. Mas Vagner é persistente e ama o que faz, nessa entrevista ele conta um pouco sobre sua carreira e suas melhores experiências. Confira:
Gazeta da Notícia – Como você iniciou sua carreira no paraquedismo? Você sempre soube que queria seguir nesse caminho?
Vagner Jorge – Iniciei no paraquedismo porque ganhei um salto de presente de aniversário de uma ex namorada, eu não queria saltar de forma alguma, até briguei com ela porque estava com muito medo, após o salto me apaixonei pelo esporte e uma semana depois estava fazendo o curso para saltar sozinho! No começo não tinha intenção de trabalhar com paraquedismo, só queria ser atleta, mas fui me apaixonando cada vez mais pelo estilo de vida e hoje vivo só do paraquedismo.
GN – Quando você realizou seu primeiro salto?
VJ- Meu primeiro salto foi em agosto de 2015.
GN – A maioria das profissões não são nada fáceis no começo. No paraquedismo foi assim também? Quais dificuldades você enfrentou?
VJ- Sim, no paraquedismo no começo o mais difícil é a parte financeira, porque saltar é caro e para começar a trabalhar no esporte você precisa de pelo menos 200 saltos para poder virar câmera man! Também tem o preconceito de não acreditarem que você voa bem e tem técnica o suficiente para trabalhar mesmo com poucos saltos! Eu comecei a trabalhar com paraquedismo na Austrália, fui com a cara e coragem pra lá e trabalhava dobrando paraquedas para outras pessoas e agendando saltos na recepção!
GN – Você sofreu um grave acidente. O que passou por sua cabeça naquele momento da queda?
VJ- No momento do acidente é algo muito louco, parece que você está em um filme, não sente dor mas sabe o que está acontecendo! Foi uma experiência surreal (que não pretendo passar novamente kkkk), pois eu sabia a gravidade do acidente, mas não sentia dor por conta da adrenalina!
GN – O que te motivou a seguir no esporte, mesmo após passar o acidente?
VJ- Esse esporte me faz me sentir vivo, meu acidente teve uma série de fatores que eu poderia ter evitado, então eu só evolui com ele, mas em momento nenhum eu pensei em parar de saltar, a primeira coisa que eu perguntei pro médico que me operou foi quanto tempo eu poderia voltar a saltar!
GN – Você diz que tem medo de altura. Você sente calafrios ou receio quando vai saltar?
VJ- Eu tenho aquela sensação de frio na barriga quando estou prestes a saltar, nunca gostei de ficar numa varanda, elevador panorâmico… Mas no mesmo segundo que o salto começa isso acaba e vira a melhor sensação do mundo!
GN – Você acredita em intuição? Já deixou de saltar algum dia porque sentiu que não deveria ir?
VJ- Sim, já deixei de saltar algumas vezes por estar com mais medo e tenso do que o normal, então a cabeça começa viajar para tudo ruim que pode acontecer, nesses casos eu aborto o salto!
GN – Qual seu maior sonho dentro do esporte?
VJ- Meu maior sonho dentro do base jump é voar de wingsuit na pedra da gávea no RJ, esse é o salto mais técnico do Brasil e um dos mais técnicos do mundo! Já no paraquedismo meu sonho é ter a minha própria escola!
GN – Qual foi o salto mais emocionante para você?
VJ- Acho que o salto de base mais emocionante da vida foi uma pedra em Maiorca na Espanha, nunca alguém havia saltado de lá, era totalmente ilegal, o pouso super restrito e depois ainda tinha que escalar 150 metros pra ir embora! No paraquedismo o salto mais emocionante foi com o Lucas, um cadeirante que tem muita sede de viver, foi um salto muito especial primeiro porque é um salto difícil e mais perigoso, pois ele não tem controle das pernas e segundo porque eu fiquei 6 meses de cadeira de rodas e então eu tinha uma conexão com ele.
