Desafios da maternidade no cenário político

Priscila e seus filhos – Foto: Victor Junquilho/Candela

A maternidade é um dos papéis mais bonitos e também desafiadores que uma mulher pode assumir. Quando a atividade política é somada a isso, os desafios se multiplicam. A realidade das mães políticas é marcada por uma série de barreiras que vão desde a falta de apoio institucional até a conciliação da vida pessoal e profissional em um ambiente que, por vezes, é desequilibrado em atribuições e até violento.

A pressão do tempo e a dualidade de papéis

Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas mães em suas carreiras é a conciliação do tempo e isso não é diferente no ambiente político. As 24 horas do dia parecem ser insuficientes. Os universos do cuidado materno e das obrigações políticas são um eterno malabarismo que frequentemente resultam em culpa, desgaste emocional e até afastamento. Nos cenários mais frequentes, as políticas públicas ainda não reconhecem ou oferecem suporte adequado, deixando as mulheres em posição vulnerável.

Priscila Moura, presidente do Podemos Mulher em Vitória (ES) e mãe de três filhos afirma: “Ser mãe e atuar na política é o maior desafio que já enfrentei. Conciliar as demandas partidárias, a organização política e as múltiplas necessidades dos meus filhos – que têm idades e demandas diferentes – é realmente desafiador. E olha que a minha rede de apoio é considerável! Quando olhamos para muitas mulheres que não possuem rede de apoio é que enxergamos como são fundamentais políticas públicas de qualidade que compreendam essa necessidade e ofereçam suporte às mães que desejam ocupar espaços de liderança ou simplesmente trabalhar.”

Priscila Moura– Foto: assessoria

A falta de representatividade e apoio

A representação feminina na política institucional ainda é muito pequena no Brasil. E as mães enfrentam um duplo desafio: a busca por igualdade de gênero e a luta por reconhecimento das suas demandas e para seus filhos. A escassez de políticas para a maternidade, como jornadas mais flexíveis e creches e escolas em horários compatíveis ao mercado, leva muitas mães a escolherem entre a política e a maternidade.

“É fundamental que possamos ter uma representação justa e igualitária na política”, continua Priscila. “A inclusão de mães em cargos de decisão não é apenas uma questão de justiça, mas também de eficiência. Nós trazemos experiências e perspectivas que são essenciais na formulação de políticas que realmente atendam às necessidades das famílias. Somos nós que vivemos a realidade.”.

Caminhos para a mudança

Para Priscila, é urgente que haja um movimento em direção à mudança do entendimento da sociedade.

“A adoção de políticas que promovam a equidade de gênero e a criação de redes de apoio entre mães na política são passos essenciais para construirmos um presente e um futuro mais justo”, afirma.

Debater sobre a dificuldade de ser mãe no meio político é dar voz a uma realidade que precisa ser transformada (vide foto abaixo). Ganha todo mundo: as mulheres, a sociedade, as famílias, o Estado e a iniciativa privada.

A força de trabalho feminina é um ativo que muitas vezes acaba sendo desperdiçado por falta de entendimento e projetos efetivos para a maternidade e os filhos. Projetos esses que precisam ser construídos em parceria com toda a sociedade.

A luta por um espaço justo para as mães na política deve ser coletiva. “O futuro da política deve incluir a experiência e a perspectiva das mães, construindo assim uma sociedade melhor no hoje e no amanhã”, afirma Priscila.