Iúna Augusto e “Canteiro de Raiz”: a celebração às tradições afro-indígenas através da música

Foto: Romero Cruz

Na interseção das tradições afro-indígenas e da música contemporânea, encontramos o álbum “Canteiro de Raiz” de Iúna Augusto. Este trabalho não é apenas uma coleção de músicas, mas uma jornada sonora e cultural que resgata e celebra as raízes afro-indígenas.

Em uma entrevista exclusiva para a Gazeta da Notícia, Iúna compartilha a importância dessas tradições em sua música, as influências de sua vivência na Capoeira Angola e outras manifestações culturais negras, e o processo de criação que deu vida a este álbum único.

Vamos explorar as profundezas de “Canteiro de Raiz” e descobrir como Iúna entrelaça o passado e o presente através de sua arte.

Gazeta da Notícia: Iúna, o álbum “Canteiro de Raiz” é uma celebração das heranças culturais afro-indígenas. Pode nos contar sobre a importância de integrar essas tradições na sua música e como elas moldaram sua identidade artística?

Iúna: Para Iúna, integrar as tradições afro-indígenas em sua música é uma jornada pela descoberta de suas origens. Essas tradições conservam registros históricos que permitem a Iúna conhecer sua história e a trajetória de seus antepassados, algo que muitas vezes é negligenciado em uma sociedade culturalmente eurocêntrica. Esse resgate é essencial para a construção de sua identidade artística e pessoal.

Foto: Romero Cruz

GN: A vivência na Capoeira Angola e a participação em diversas tradições negras, como samba de roda e maracatu, influenciaram profundamente o seu trabalho em “Canteiro de Raiz”. Como essas experiências se refletem nas faixas do álbum e quais foram os momentos mais marcantes dessa jornada cultural?

Iúna: As letras do álbum contêm citações de cantos tradicionais e elementos culturais das tradições afro-indígenas, mesclando termos, conceitos e fundamentos comuns nessas manifestações. Para Iúna, eleger momentos marcantes é uma tarefa difícil, pois cada roda de capoeira, cortejo de congada e batuque trazem uma magia sonora que transcende a teorização. Essas experiências se refletem diretamente nas faixas do álbum, criando uma conexão autêntica com as raízes culturais.

Foto: Romero Cruz

GN: “Canteiro de Raiz” reúne uma diversidade de instrumentos contemporâneos e tradicionais. Pode nos explicar como foi o processo de criação dos arranjos e a escolha de instrumentos como o berimbau, tambores e a guitarra para expressar as raízes culturais afro-indígenas?

Iúna: O processo de criação dos arranjos de “Canteiro de Raiz” envolve a utilização de células rítmicas e melodias comuns nas tradições afro-indígenas, aplicadas tanto a instrumentos tradicionais quanto contemporâneos. Iúna menciona como as síncopes na primeira parte de “Canções Sobre Calunga” são inspiradas nos repiques de berimbau da capoeira angola. A combinação de instrumentos tradicionais para reproduzir ritmos contemporâneos cria um encontro entre o passado e o presente, uma fusão que é uma marca distintiva do álbum.

Foto: Romero Cruz

GN: O álbum conta com a participação de grupos e figuras tradicionais, como o Batuque de Umbigada de Piracicaba e a Congada de São Benedito de Cotia. Qual foi a importância de incluir essas vozes e como foi colaborar com esses artistas para manter viva a memória cultural das raízes brasileiras?

Iúna: Para fortalecer as tradições envolve dar protagonismo às pessoas que as cultivam e preservam. Incluir vozes tradicionais no álbum é uma forma de valorizar e respeitar essas culturas. Colaborar com artistas como o Batuque de Umbigada de Piracicaba e a Congada de São Benedito de Cotia é essencial para manter viva a memória cultural das raízes brasileiras. A frase “Nada sobre nós, sem nós” reflete a filosofia de Iúna de ouvir e dar espaço às histórias contadas por aqueles que as vivenciaram.

“Canteiro de Raiz” é mais do que um álbum; é um manifesto cultural que celebra e preserva as tradições afro-indígenas através da música. A dedicação de Iúna em resgatar e integrar essas heranças culturais em sua arte é um testemunho do poder da música como meio de conexão e preservação cultural.

Ao ouvir as faixas de “Canteiro de Raiz”, somos convidados a uma jornada sonora que nos reconecta com nossas origens e nos inspira a valorizar e preservar nossa rica diversidade cultural.

Ouça em todas as plataformas digitais: https://lnk.fuga.com/iunaaugusto_canteiroderaiz