Selic mudou, e agora? Entenda como afeta a economia brasileira
Selic mudou, e Economista Cristina Helena avalia novo cenário econômico do Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil (BC), pausou na última quarta-feira (19) o ciclo de cortes de juros na taxa básica de juros brasileira (Selic). A partir desta decisão, os juros ficaram em 10,50%.
Este cenário condiz com as expectativas do mercado, no entanto, é uma previsão maior de juros para 2024 em relação ao observado no começo do ano e que compromete objetivos de política econômica como crescimento do PIB e controle sobre a dívida pública.
“Tanto o presidente da República quanto o ministro da Fazenda querem estimular o crescimento da economia. Quando o crédito fica caro, seja para as famílias ou empresas, você perde a capacidade de impulsionar a economia através de consumo e investimento”, comenta a economista Cristina Helena. “Ao mesmo tempo, a taxa de juros alta faz com que a dívida das famílias cresça mais rápido do que a renda delas, desestimulando novos investimentos produtivos”, explica a especialista.
“A Presidência da República e o ministro da Fazenda querem uma taxa básica de juros mais baixa por esse motivo, por essa motivação,” afirma.
Além da taxa de juros, outros fatores complexos afetam o custo do crédito no Brasil, como a carga tributária e a estrutura do sistema bancário. “O custo do crédito é alto não apenas por causa da taxa básica de juros, mas também devido aos tributos e à insegurança em relação à reforma tributária. Nosso sistema bancário muito concentrado também impõe desafios para uma oferta de crédito mais barata,” explicou a fonte.
A situação é delicada, pois envolve estratégias conflitantes, mas com um objetivo comum: aumentar o poder de compra das famílias e melhorar o desempenho produtivo das empresas. “Estamos diante de uma insegurança com relação ao comportamento da economia mundial e das mudanças climáticas que impactam nos preços. Tanto o Banco Central quanto a Presidência da República e o Ministério da Fazenda querem aumentar o poder de aquisição das famílias e melhorar o desempenho das empresas. O Banco Central entende que o melhor caminho é o controle inflacionário e o Governo entende que é o crescimento da renda através de investimentos produtivos que poderá impactar o poder de aquisição.” concluiu.
Cristina Helena é Doutora em Economia pela Fundação Getúlio Vargas e também integrou o Programa de Educação em Gestão Global na Universidade Nankai, localizada na China.
Com uma carreira diversificada, a economista ocupou cargos de destaque em instituições de ensino superior e pesquisa, foi Diretora da Área de Sucesso do Aluno, Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), além de Vice-Reitora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).