Aumento da confiança é o primeiro passo para destravar o potencial brasileiro

-Bruno Freitas, doutorando na FGV-EAESP, consultor, empresário e fundador da Torus.consulting e B2F.business

Nos últimos meses, pesquisas feitas por diversos institutos têm mostrado um crescimento no nível de confiança dos brasileiros na economia e na política, como há tempos não se via.

O Índice de Confiança do Consumidor do Instituto Ipsos, por exemplo, mostrou que, em julho deste ano, apesar dos juros altos e da oferta menor de crédito, o consumidor brasileiro é o terceiro mais otimista entre 29 países monitorados.
O ato de confiar é se entregar ao desconhecido com mais otimismo, com uma lente mais aberta. Se o brasileiro, de maneira geral, está mais confiante com o próprio país, isso se reflete em suas decisões. Ele estará mais propenso a abrir um negócio, a contratar mais, a investir em projetos que lhe tragam crescimento e prosperidade.

Além disso, a confiança na economia ajuda a atrair investimentos estrangeiros. Quando existe confiança interna na estabilidade econômica e política de um país, eles também estão mais inclinados a alocar capital e se arriscar aqui. Isso se reflete não só em financiamento para projetos no país, sejam eles públicos ou privados, mas em conhecimento e expertise que podem impulsionar inúmeros setores da economia.

Para 59% dos entrevistados na última pesquisa Genial/Quaest, de agosto, a economia vai continuar melhorando nos próximos 12 meses. Há ainda a percepção de que é bom o relacionamento do presidente Lula com o Congresso: para 43%, o chefe do Executivo tem tido mais facilidade para conseguir apoio na Câmara e no Senado (ante 31% em julho).

A melhoria na confiança na política desempenha um papel crucial no desenvolvimento de um país, pois vem demonstrar um nível menor de divisionismo, algo que tanto marcou a política nacional, e apresenta um caminho para a construção de consentimentos e de negociações que são típicas do fazer político de coalizão tupiniquim. Tais consensos, então, devem direcionar caminhos para destravar a economia brasileira, permitindo-nos ser competitivos no cenário global, assim como melhorarmos o consumo e desenvolvimento econômico interno.

A demonstração de confiança do brasileiro no Brasil, portanto, é um ativo valioso que traz uma série de benefícios para a sociedade. Ela impulsiona a estabilidade econômica, atrai investimentos, promove a participação cívica, contribui para a estabilidade social e facilita o nosso desenvolvimento.

Em um mundo onde incertezas são inerentes, a confiança emerge como uma bússola que nos guia para um caminho que pode beneficiar cada vez mais pessoas. Seja na esfera política, empresarial ou pessoal, a capacidade de confiar nas intenções e ações dos outros molda caminhos para um futuro melhor. À medida que continuamos a desenvolver sistemas de governança baseados em confiança e a promover lideranças confiáveis, abrimos portas para um progresso sustentável e uma colaboração eficaz. A confiança, afinal, não é apenas um ato de fé, mas também um alicerce sólido sobre o qual construímos e compartilhamos aspirações.