Proteção de dados? Saiba como as redes sociais usam seus dados e quais são seus direitos na internet
“Eles devem proteger nossos dados, não vendê-los. Eles devem nos dar esperança, não medo e ansiedade. A melhor rede social é aquela que enriquece sua vida, mas não a manipula” afirmou o turco Orkut Büyükkökten, em seu comunicado sobre o retorno do Orkut no dia 27/04.
De forma sutil, o fundador do Orkut critica a forma como as redes sociais utilizam os dados de seus usuários. Enquanto para os internautas elas são formas de se entreter e se informar, para as grandes empresas são fontes de lucro. Porém, com o uso descontrolado de dados, o número de golpes virtuais também está aumentando.
As redes sociais sabem muito mais do que seu nome e seu e-mail. Opiniões políticas, local de trabalho e telefones de contato são compartilhados com vários outros sites enquanto você navega. E isso acontece com a sua autorização!
Você já deve ter clicado no botão “li e concordo” sem ter lido nenhum dos termos e políticas de privacidade dos sites e das redes sociais que acessa. É nesse texto que você descobre o que farão com seus dados e quem terá acesso a eles. Continue lendo que vamos explicar um pouco mais.
Por que seus dados são tão importantes?
Sabe quando você comenta com alguém que está interessado em fazer uma viagem e no mesmo dia aparece um anúncio de pacote de viagem no seu celular? Não é uma coincidência.
Um estudo realizado pela pCloud, empresa de armazenamento, observou que 79% das informações pessoais salvas pelo Instagram são enviadas para empresas de publicidade. O mesmo acontece com a maioria dos aplicativos do seu celular.
A frase: “Se você não paga pelo serviço ou pelo produto, o produto é você”, do filme O Dilema das Redes, encaixa-se perfeitamente nesse contexto.
As redes sociais não cobram pelo uso das plataformas, mas transformam os usuários no próprio produto de interesse. Ao vender os dados dos usuários para as empresas, os anúncios se tornam mais precisos e atingem as pessoas certas para vender mais.
Para ter uma noção de valores: recentemente, a Apple passou a requisitar que os aplicativos peçam permissão dos usuários para rastrear sua atividade e a maioria dos usuários de iPhone bloqueou esse rastreamento.
Tal mudança prejudicou anunciantes e plataformas de tecnologia, em geral, uma vez que reduz o acesso a dados de seus usuários. Veja no gráfico o prejuízo em dólares para as grandes empresas com a atualização.
Valores perdidos pelas empresas quando elas não têm acesso aos dados dos usuários (Fonte: Lotame/The Bizness)
Lei Geral de Proteção de dados
Mas, calma! A legislação brasileira já entendeu que a problemática precisa ser controlada e está investindo em medidas de cibersegurança. A principal delas é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), promulgada em 2018 e entrou em vigor em 2020.
A Lei nº 13.709 protege os direitos de liberdade e privacidade, regulamentando a proteção de dados de todos os brasileiros. Essa legislação define o que são dados pessoais e como devem ser utilizados nos meios digital e físico. O objetivo é tornar o compartilhamento de dados o mais transparente possível.
A parte mais importante da LGPD é a que aborda o consentimento. Esse fragmento garante que as pessoas possam solicitar a exclusão de seus dados de um determinado banco ou transferi-los para outro fornecedor, entre outros.
O cliente deve ser informado previamente sobre a finalidade e a necessidade dos seus dados para a empresa – geralmente, essas informações estão nos termos e políticas do site.
A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) é o órgão responsável por fiscalizar e aplicar penalidades pelo descumprimento da LGPD no Brasil. Cabe às empresas assegurar e comprovar o que fazem com os dados pessoais.
Além disso, garantir a proteção dos seus dados, impedindo que eles sejam vazados. A aplicação da Lei nº 13.709 acresce responsabilidade nas empresas, gera melhora no relacionamento com o cliente e aumento da privacidade e segurança dos dados pessoais em qualquer lugar do mundo.
O que as redes sociais sabem sobre você?
Para cumprir a LGPD, as plataformas digitais são obrigadas a fornecer cópias dos dados que possuem sobre os usuários, caso eles solicitem. Essa experiência de ter em mãos todas as informações que uma rede social possui de você ajuda na conscientização sobre proteção de dados.
A repórter do IG, Dimitria Coutinho, teve essa experiência com o Twitter, o Instagram e o Facebook e relatou que encontrou quase 1 GB de informações compactadas.
Dentre o conteúdo que ela teve acesso, haviam relatórios sobre qual conteúdo ela consome, onde mora, quais fotos publicou nos últimos 10 anos, com quem conversou e o que falou. Dimitria concluiu que seus seguidores sabem menos sobre ela do que o Instagram.
Estar consciente de que essa enorme quantidade de informações pessoais armazenadas pelas redes é o que faz cada publicação chegar até seu feed, evita cair em “bolhas” de conteúdo que só entregam o que você concorda.
Ao saber que toda publicação é baseada nos seus gostos e opiniões, você pode buscar outras opiniões em outras plataformas para ter um olhar mais crítico e sair da zona de conforto. Mas, se você é da área da publicidade, vale usar essas informações para entender como cada conteúdo chega ao cliente.
Formas de se proteger mais
O problema não é usarem seus dados para melhorar a publicidade e sim que, dessa forma, seus dados correm risco de serem vazados.
Ter os dados expostos te deixa na mira de milhares de criminosos que podem se aproveitar da situação de várias formas. Dependendo dos dados vazados, golpistas conseguem abrir contas bancárias e fazer grandes compras em nome da vítima. Há casos em que tentam, inclusive, fazer extorsão, solicitando dinheiro para não vender suas informações.
Para garantir que suas informações estão a salvo, aqui está uma lista com dicas para se proteger ainda mais. Confira!
- Reveja as permissões de aplicativos nas configurações do seu dispositivo;
- Saiba do que se trata a política de privacidade de cada site;
- Atualize suas senhas com frequência (e não repita a mesma senha várias vezes);
- Mantenha um antivírus nos seus aparelhos;
- Ative a verificação em duas etapas nas redes sociais.
Seguindo essas dicas, você evita que seus dados sejam vazados e que só sejam usados ao seu favor!