Solo de dança com trilha sonora assinada por filho de Caetano Veloso estreia em fevereiro

Moreno Veloso fez composição inspirada em ritmo afro-brasileiro, protagonizado por dançarina mineira

O violoncelo entrou em sintonia com a lixa e o pandeiro para dar o ritmo de uma das principais danças da cultura afro-brasileira. Inspirado nos passos do candomblé, o músico e compositor Moreno Gadelha Veloso, filho de Caetano Veloso, deu vida ao solo de dança “Qual é seu nome?”, que estreia neste sábado,  6 de fevereiro, às 20h, em plataforma digital (https://www.sympla.com.br/solo-de-danca—qual-e-o-seu-nome__1101412). No palco, estão presentes de forma minimalista todos os elementos da natureza – água, fogo, ar, terra, mato –, que são apresentados artisticamente e de maneira respeitosa pela dançarina Juliana Iyafemí, que também idealizou toda a narrativa.

 

O espetáculo marca o reencontro de Moreno com a artista mineira, que está completando 15 anos de carreira, e mistura o erudito e o popular para falar sobre a iniciação da dançarina na religião do candomblé. Também trata sobre elucidações acerca da cultura afro-brasileira, através da valorização do samba de roda, da capoeira e das danças baseadas nos movimentos dos orixás – os três são tombados como patrimônios imateriais do Brasil.

 

Multi instrumentista, Moreno tem no currículo os álbuns “Máquina de Escrever Música” (2000) e “Coisa Boa” (2014) e composições gravadas por artistas como Adriana Calcanhoto, Roberta Sá e o próprio Caetano.

 

O título do espetáculo – “Qual é seu nome?” – foi tirado do trecho de uma das mais recentes composições de Moreno. O que aliás foi algo inédito na carreira do compositor. Ele já havia produzido trilha sonora que inspirou outros trabalhos de dança, como o grupo Corpo, de Belo Horizonte, mas, no caso atual, ele fez o caminho inverso, ou seja, criou uma trilha para um espetáculo que já tinha os movimentos definidos.

 

Essa dinâmica se deu por conta da pandemia, o que fez com que toda a produção fosse acompanhada à distância. A artista, por exemplo, fez a maioria dos ensaios sem música. “Tive que me reinventar, aprender a escutar o som do silêncio, o som do palco”, conta Juliana Iyafemí, que agora tem o desafio de dançar para a câmera, sem o calor do público.

 

Sobre a relação com Moreno, a atriz diz que “foi um reencontro nosso e a generosidade dele é imensa, além do impecável profissionalismo. Trabalhar com Moreno é uma gratidão imensa.”

 

O solo de dança tem duração de 20 minutos e será exibido em outras três datas via plataforma digital, sempre com a proposta de um bate-papo ao final.

 

O rito de iniciação proposto na dança ainda remete o público a pensar o que faz as pessoas começar algo diferente todos os dias, ou simplesmente começar de novo. Ou ainda, quem é você para além do seu nome.

 

Na direção está outra forte expoente da arte contemporânea nacional. Vera passos é professora, bailarina e coreógrafa com trabalhos consolidados que vão das danças tradicionais brasileiras ao balé clássico. Atualmente, é uma das difusoras da Técnica Silvestre de dança, juntamente com a idealizadora Rosângela Silvestre.

 

Sobre a dançarina

 

Formada em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), bailarina e produtora cultural, Juliana Iyafemí é uma artista movida pela sua própria inquietação. Nascida e criada em Araguari (MG), atualmente vive em Natal (RN) e se prepara para novos desafios na Bahia; já rodou o Brasil e alguns países, como Itália, Espanha, Peru, Uruguai, Suíça, Alemanha, em apresentações de dança, teatro, rodas de capoeira, dentre outros projetos que reforçam o quanto a cultura afro está enraizada em nossa sociedade. “Por onde passo, faço um ‘Jam Session’, uma apresentação livre, pois por onde vou levo meu corpo que é minha casa e meu trabalho”, revela.

No fim do ano passado, ela protagonizou o curta-metragem “Entenebrecida – Um experimento sobre a carne” em que mira os holofotes na questão racial, de classe, de gênero e canaliza sua energia na elucidação das culturas de matrizes afrodescendentes, o que na essência é um trabalho de valorização da própria história do Brasil.

O filme esteve disponível para exibição gratuita no YouTube até meados de janeiro e agora será inscrito em editais de cultura nacionais e internacionais.

 

 

Ficha técnica:

 

“Qual é seu nome?”

 

Estreia: 6 de fevereiro, às 20h

 

Apresentações: 20/02 – 20h

06/03 – 20h

15/03- 20h

 

Ingressos: https://www.sympla.com.br/solo-de-danca—qual-e-o-seu-nome__1101412

(R$ 35)

 

Orientação: Vera passos (BA)

Trilha sonora: Moreno Veloso (RJ)

Composição/ Dançarina: Juliana Iyafemí (MG/RN)

Figurino: Mamba Negra (RN)

Costureira: Maria de Lourdes Quirino (RN)

Contra-regragem| operação de som| operação projeção| iluminação: Giovanna Araújo (RN)

Espaço de ensaio: Tecessol (RN)

Vozes iniciais: Dofona de Oxóssi e gamotinho de omolu (ilê axé afinka – macaíba/RN)

Arte e montagem projeção: Fernando Franco (PB)

Produção: Grupo de Artes Comboio (MG)

Agradecimentos: Minha mãe Oyá, Todo Egbé do Ilê Axé Afinka(Macaíba- RN) em especial Babalorixá Jorge Freire de Oxaguian, Toda Família Lopes e Nascimento(em especial Iúna-minha filha), Lei Aldir Blanc, Flaira Ferro, Igor de Carvalho, Alexandre Américo, Grupo Facetas em especial Giovanna Araújo, toda equipe de trabalho e Grupo de artes comboio.