Autoamor: quando a liderança faz a diferença

Psicóloga esclarece diferenças entre "inspirar" e "mandar", itens fundamentais da liderança

Por Néia Martins

Falar de amor, falar de apoio ao ser, me fez pensar muito e refletir bastante.

Liderança não é para mulheres, pois os homens fazem parte da liderança muito tempo antes das mulheres resolverem entrar no mercado.

Esses são ditos como destemidos, enquanto nós, mulheres, somos tidas como sexo frágil, onde não sei, mas é um dito que há muito eu ouço.

Nos dias atuais, estamos vivendo cada vez mais à procura de um lugar. Hoje as pessoas buscam um lugar para chamar de seu, seja em qual ambiente esteja: estudo, trabalho ou religião.

E o que mais assistimos ou presenciamos são totais ações para com o outro sem a presença do amor, com muito mais descaso e desamor.

O que uma pessoa precisa ser em posição de liderança? Uma pessoa amorosa! Não é tarefa fácil, mas é possível!

Liderar significa ter a capacidade de influenciar pessoas por meio da competência, da responsabilidade e do amor. Sim, do amor! Mas o que é o amor? Segundo o terapeuta Mark Baker, “O amor é resultado de um processo de confiança. Nascemos para nos relacionar através do amor. E a experiência de amar e sentir-se amado é maravilhosa”.

Durante nossa jornada profissional, temos o privilégio ou até mesmo a insatisfação de ser liderado por pessoas com perfis de vários tipos, e essa liderança não precisar ser apenas de nível hierárquico. Podemos ter líderes que estão na mesma linha de hierarquia ou até mesmo que não possuem vínculo profissional conosco.

O que importa de verdade nessas pessoas é o quanto elas nos inspiram, ou melhor, o quanto elas nos motivam a fazer a diferença, assim como elas fazem. Ninguém pode inspirar ninguém, já que esse é um processo individual, sendo assim, as pessoas têm o poder de motivar, incentivar e despertar atitudes que antes não eram notadas. Para liderar se faz necessário amar as pessoas.

Um líder se diferencia como?

É claro que a maneira amorosa do líder faz com que ele se sinta empenhado com o sucesso de seus liderados, isso porque o cerne da liderança está no doar o melhor de si: quem ama lidera; quem não ama apenas chefia, dá ordens.

O líder que ama é aquele que, fundamentalmente, sabe ouvir pacientemente seus contribuintes, pois, ouvir é um pequeno e grande ato de amor. Ninguém pode ser líder se não souber ouvir, afinal, o verdadeiro líder deve “possuir uma capacidade efetiva: saber ouvir amorosamente o outro”.

Ser líder é, acima de qualquer coisa, saber ser humilde, saber respeitar o outro, saber o seu lugar. Estando, então, ciente dessa tríade que sustenta a sua função de ensinar, de capacitar, de instruir, do informar, do despertar e de potencializar o liderado, assim sendo, é discipular o outro.

Essa tarefa não é simples, porque a liderança exige que se realize no outro um formato de “dividir multiplicando”, porque a posição de líder te dá condições de interpretar as diferenças e instruir para que o liderado possa ter uma visão ampliada a respeito do que o faz crescer.

Quando a líder é uma mulher

Nos dias de hoje, ser uma líder feminina  em nosso País é um cargo que a mulher, quando investida deste, sofre sabotagem, desrespeito e seu grande desafio é ser aceita e ser respeitada, administrando, planejando, acompanhando, controlando atividades da equipe e ainda suas competências como mulher, mãe, dona de casa entre outras diversas atividades femininas, que as fazem ter grande responsabilidade e capacidade de gerirem várias atividades, conseguindo, então, se reconhecerem e confiarem em seu potencial. Ao vencerem esse desafio, elas se tornam excelentes líderes!

Como diz um dos maiores experts em liderança do mundo, o também escritor James C. Hunter, “O bom líder sabe valorizar seus liderados, não somente com palavras, mas principalmente com ações de amor. E quais são essas ações de amor? Saber ouvir, ser gentil, afetuoso, preocupar-se com o outro. O amor faz toda diferença, pois ele impõe-se ao ser humano”.

Podemos concluir que o líder amoroso não “manda” fazer simplesmente pelo ato de fazer, mas está contida em sua atitude uma ação efetiva de amor, que não descarta o comando, contudo, não se envergonha de se mostrar demasiadamente humano.

Esse líder oferece condições para que seus liderados executem suas tarefas num ambiente gerador de relacionamentos saudáveis e amorosos, sem rigidez ou autoritarismo, pois precisamos ser flexíveis, porque a rigidez das pessoas sempre causa vítimas.

Ou seja, destacamos que no trabalho precisamos realizar tarefas, atingir resultados, mas também devemos amar aos outros e prestar atenção nos sentimentos do outro, afinal, o ser humano está em constante construção e construir-se significa avançar em direção aos bons sentimentos: ‘amai-vos uns aos outros’.

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes” (Cora Coralina).

Sintam-se agraciados sempre!

 

 

Néia Martins é psicóloga, neuropsicóloga e coautora do livro: “Autoamor – Um caminho para a regulação emocional e autoestima feminina” – Saiba mais em @neiamartinspsico