Rivalidade Feminina: você faz parte desse grupo?
A coach e psicóloga Rosangela Sampaio fala sobre a rivalidade feminina que nos cerca diariamente e, sem querer, empregamos atitudes nesse contexto
Por Rosangela Sampaio
Mulheres são invejosas, mentirosas, manipuladoras, inimigas, fofoqueiras, se arrumam para outras mulheres e vivem dando mole para os homens.
Atire o primeiro sapato quem nunca ouviu um dos adjetivos acima?
Começa lá na infância, quando começamos a receber as referências históricas sobre o que é ser mulher. Já tivemos a sexualidade reprimida e distorcida, a ponto de até hoje muitas serem incapazes de se expressar sexualmente, muito menos atingir ao orgasmo.
Durante muito tempo a visão que se teve da mulher ‒ e na qual ela também acreditou ‒era de frágil, desamparada, delicada, dependente, necessitando desesperadamente encontrar um homem que lhe desse amor, proteção e significado para a sua vida, enfim, uma mulher estereotipada.
Os estereótipos desconsideram a individualidade, ou seja, as características que fazem de cada ser humano um indivíduo único e singular.
Quando as mulheres pensam em feminilidade e autonomia, a conta não fecha. A feminilidade vem associada à fragilidade feminina, afinal, não podemos ser femininas, fortes, independentes e autônomas. A autonomia implica em ser você mesma, sem negar ou repudiar aspectos da sua personalidade para se submeter às exigências sociais. E sabemos que isso não é uma tarefa fácil diante de toda a pressão que os estereótipos geram. No que diz respeito às mulheres, o questionamento e a superação de estereótipos se tornam um processo que ainda se desenrola.
A rivalidade que nos cerca todos os dias
Recebemos diariamente reforços de que mulheres são rivais através de filmes clássicos em que a mulher é uma princesa estereotipada à espera de um príncipe, a madrasta que coloca as filhas biológica e a enteada umas contra as outras em busca de amor, atenção e regalias da casa, e até mesmo a madrasta que envenena a enteada por ser mais bonita
No cenário musical temos vários hits excitando a rivalidade: “Desejo a todas inimigas vida longa”; “Meu sensor de periguete explodiu”; “Beijinho no ombro pro recalque passar longe”; “Copo na mão e as inimigas no chão”; Pra ela dinheiro é mais importante”; “Seu jeito vulgar, suas ideias são repugnantes”; “É uma cretina que se mostra nua como objeto”; “É uma inútil que ganha dinheiro fazendo sexo”; “Mulheres vulgares, uma noite e nada mais”; entre outros.
Na mídia recebemos notícias a todo minuto de mulheres que sofrem com diversas disfunções (ansiedade, depressão, anorexia, bulimia…) na busca pelo corpo “ideal” para “consagrarem” suas carreias como a mais magra, bonita, inteligente e bem sucedida. Sem contar os barracos que acompanhamos quando um casamento termina e a “culpa” foi de outra mulher, só porque é autônoma, assim, automaticamente ela é a origem do “problema”, quase um ET em meio à multidão.
Será que nunca vamos encontrar o caminho de nós mesmas?
Vamos entender um pouquinho de como as coisas funcionam: há barreiras subconscientes que estão entranhadas nas próprias mulheres. O medo e a insegurança são fatores que impedem posturas positivas e comportamentos positivos, minando conexões mais fortes e saudáveis entre as mulheres.
Desqualificando a outra ou você?
A maquiagem que você está usando, a forma como se veste ou sorri, que você contempla a beleza da natureza, olha para um bebê ou paquera um possível pretendente, tudo isso é reflexo de quem é você e do motivo pelo qual está aqui.
Quando usamos todas as nossas forças pessoais nos conectamos com a nossa essência e, assim, somos conectadas com tudo de maravilhoso que está a nossa disposição, entre elas autoconfiança felicidade, realização, amor, criatividade, abundância, segurança, respeito, alegria e saúde.
Tudo em sua vida acontece por uma razão, independentemente se você vê ou não o significado disso em determinado momento, inclusive quando você desqualifica outra mulher. Já parou para pensar que quando você desqualifica outra mulher, na verdade são suas dores que estão sendo expostas?
Quanto mais desafiadora for a dificuldade, maior será a oportunidade de mudar os seus comportamentos e corrigir seus hábitos. Se você passa a maior parte da vida buscando algo que não corresponde ao seu desejo mais profundo de obter plenitude, acabará se sentido vazia, sem alegria e inferiorizada diante de outras pessoas.
Atendo mulheres diariamente, visto que o foco do meu trabalho é saúde emocional da mulher e em suas idas e vindas cotidianas, trabalhamos situações que fornecem o potencial máximo para que se reconectem com a sua essência, consigam realizar todos os seus sonhos, possibilitando que a compaixão natural floresça, reformulando a maneira pela qual nos expressamos e escutamos umas às outras, para desenvolvermos autoamor e desconstruir a rivalidade feminina.
Convido você a aplicar 5 passos para começarmos a desenvolver o seu processo de mudança agora mesmo:
- Comece a absorver o melhor de cada mulher que cruza o seu caminho;
- Ajude outras mulheres que precisam de apoio. Que tal um serviço voluntario para ajudar mulheres que sofrem de violência doméstica?
- Abra o seu coração e os seus olhos. Cada uma de nós têm a sua jornada particular, as ações de opiniões dos outros não é a sua;
- Se arrume para você com base no que você gosta e faz o seu coração cantar;
- Não se compare com outra mulher, apodere-se da sua vida e faça a diferença sendo você mesma.
Rosangela Sampaio é Psicóloga e Coach (CRP06/130574). Atende de forma presencial e online. Saiba mais em @rosangelasampaiooficial
Gostou do tema? Então, prepare-se: em fevereiro de 2020 será o lançamento do livro “Sem Medo do Batom Vermelho”, com a coordenação editorial de Rosangela Sampaio e um time de psicólogas assinando capítulos falando sobre o assunto!